quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Último Set

“Esta noite realmente me esgotou”, diz André Aragão com os olhos fechados, em pé entre os pedestais enormes da iluminação do set. Era o último dia de gravação do filme Xandrilá, e tudo que ele mais queria agora era dormir, e por pelo menos uma semana. Huana Paula, Isaac Dourado e Antônia Amorosa tinham acabado de gravar suas cenas, numa sequência de vários takes feitos cuidadosamente em ângulos diferentes.

Toda essa história começou em meados de setembro do ano passado, quando André Aragão batia papo com Isaac Dourado no Coqueiro Verde, na praia de Aruana. Conversavam sobre a cultura sergipana, quando André avisou com palavras certeiras que o conto Xandrilá daria um ótimo filme. No mês seguinte os dois rapazes iniciaram um cansativo e desafiante processo de pré-produção do curta. Enquanto André Aragão cuidava da equipe técnica, Dourado se encarregou da nada mole missão de montar um elenco que tivesse a cara das personagens do conto. “Ok, meu nome agora é Sargento Pepper, quem será Renata? E a minha tia chata, quem será? Tem o cafetão também, minha nossa, preciso correr!”, recorda Dourado sobre a escolha dos artistas que entrariam no projeto. Bastaram alguns telefonemas, e-mails e visitas para que tudo fosse resolvido.

“Dourado me ligou pouco tempo depois com nomes fantásticos para Xandrilá, e naquela altura a pessoa que eu mais queria para trabalhar comigo no filme já tinha topado entrar de cabeça na parada toda, sabe? O Arthur é um cara centrado e tem uma sensibilidade de captação de imagem incrível”, declara André enquanto limpa os óculos na própria camisa. Dessa maneira formou-se a parceria do trio que está no comando de Xandrilá: André Aragão, Isaac Dourado e Arthur Pinto. Foram várias reuniões até definirem quem iria fazer o quê, e como iriam fazer. Fotografia, cenário, locações, maquiagem, figurino, figurantes, transporte, comida...

“Gravamos o filme e as imagens já estão sendo editadas. Agora o filme começa atomar forma, agora é que a mágica começa a aparecer e é por esta mágica que valeu a pena todas as dificuldades que passamos. Muita gente aceitou trabalhar no filme com brilho nos olhos, e percebi que em algumas dessas pessoas parte desse brilho turma se perdeu no meio do caminho. Fazer cinema não é na da fácil, principalmente em um lugar onde não se tem uma política de insentivo ao audiovisual (local - vale frizar), mas a falta de financiamento só nos estimoulou e fazer o melhor, pra provar e mostrar pra que vinhemos.”, conta Arthur.

Pois é, pessoal, Xandrilá começou mais ou menos assim, e ele tem tudo pra chegar muito longe. Eu sei, é impossível prever quando ou como um filme pode se tornar viral. E, mesmo que ele se torne, isso não garante carreira sólida pra ninguém. Mas, com um pouco de sorte, um filme de produção barata que se espalha entre as pessoas pode gerar um grande sucesso para jovens com uma câmera na mão e uma boa ideia na cabeça. E esses caras tem uma autoconfiança inacreditável.

M.M.

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